Quando se fala de videogames e computadores antigos, é impossível não citar o Atari 2600 (também conhecido por aqui como CCE ou simplesmente Atari). Qualquer pessoa que tenha vivido sua infância ou adolescência nos anos 80 vai lembrar com saudades deste console.
O Atari 2600 foi criado em outubro de 1977, e foi o primeiro videogame em que os jogos eram vendidos separadamente (em "cartuchos") a fazer sucesso. O Atari vinha com dois controles, e geralmente com um jogo. Aqui no Brasil foi lançado em 1983 e era fabricado pela CCE.
Ele possuia (pasmem) apenas 128 bytes de RAM, e os jogos iam de 2 kB a 32 kB (sendo que a grande maioria estava entre os 4kB e 8kB). O fato do Atari ter uma memória RAM tão limitada fazia com que a programação para ele fosse "interessante". Pretendo falar mais sobre isso em um futuro post nesse mesmo blog.
O videogame começou a competir com outros da mesma linha até o lançamento do famoso jogo Space Invaders, que vendeu dois milhões de unidades e acabou com toda concorrência. O Atari reinou soberano por boa parte do início dos anos 80, mesmo competindo com videogames mais poderosos.
Por muitos anos, pareceu para a Atari que não havia fim no número de consoles e jogos que podiam ser vendidos. Quem trabalhou na Atari durante este tempo descreve o ambiente na empresa como maluco, com inúmeros projetos nascendo num dia e morrendo no outro, executivos usando dinheiro da empresa para extravagâncias, e até brigas de soco entre empregados acontecendo dentro das dependências da empresa!
Naqueles dias de ouro, os jogos eram criados por um ou no máximo dois programadores. Um grande número de programadores passou a se ressentir do fato da Atari não dar o devido crédito aos programadores pela criação dos jogos. Alguns reagiram de forma leve, como o programador Warren Robinett, que colocou o seu nome em uma sala escondida no seu jogo Adventure, fazendo com que este fosse o primeiro "ovo de páscoa" contido em um jogo de videogame.
Outros programadores ficaram mais revoltados e, unidos, resolveram deixar a Atari e fundar uma nova empresa, a Activision, que criava jogos para o Atari 2600. A Atari tentou lutar contra a Activision no tribunal, mas sem sucesso. Isto fez com que ainda outras empresas, como a Imagic e a Coleco, surgissem.
O público logo percebeu que os jogos da Activision eram imensamente superiores aos da própria Atari, deixando os jogos da concorrente parecendo produto da geração passada. A Activision emplacou sucessos como Skiing, Freeway (o jogo em que a galinha atravessava a rua), Pitfall!, River Raid, H.E.R.O., Enduro e muitos outros.
Se a concorrência de empresas de alta qualidade, como a Activision, trouxe problemas para a Atari, a concorrência com inúmeras empresas de baixíssima qualidade trouxe dificuldades maiores ainda, já que elas inundaram o mercado com jogos ruins.
O golpe de misericórida, no entanto, veio em 1983 com o jogo E.T. the Extraterrestrial. A tarefa de criar o jogo, baseado no filme, foi dada a um dos melhores programadores da Atari, Howard Scott Warshaw, criador de outros jogos de sucesso. O problema é que Howard tinha que criar o jogo em 6 semanas para as vendas do Natal, enquanto o tempo médio que um programador levava para desenvolver um jogo era de 4 a 6 meses. Não é à toa que E.T. é considerado por muitos o pior jogo de todos os tempos.
A Atari não se deu conta da "bomba" que tinha na mão e investiu tudo no jogo, fabricando 4 milhões de cartuchos. Tantos cartuchos sobraram sem ser vendidos que a Atari teve que enterrar 2,5 milhões de cartuchos em um buraco e cobrir de concreto no Novo México.
Tudo isto levou a Atari à falência em 1984, levando consigo praticamente toda indústria do videogame. Dois anos se passariam até que uma humilde fabricante de cartas chamada Nintendo voltasse a fabricar videogames...
2 comentários:
Fiquei curioso a respeito da "programação interessante" ...
mamma comprou um atari por dez pila. agora falta colocá-lo pra funcionar. faltam os joysticks e só tem um cartucho. mas já me enche de paz o coração.
post legal.
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